sábado, 9 de agosto de 2008

O primo Kate - Capitulo I Part 1

Tinham dado meio dia no relógio digital da sala de Jantar. Mauricy fechou o volume de Paulo Coelho que estivera folheando devagar, estirado no velho sofá rosa, bocejou e disse:
- Tu não te vais vestir, Giullia?
- Não, não tenho roupas.
Ficara sentada à mesa a ler o Estadão, no seu pijama de ursinhos amarelos. O cabelo escuro, um pouco manchado, com um tom allanico de perfil feio; a sua pele era desidratada e com algumas manchas de sol. Com os braços sobre à mesa coçava a cabeça e no movimento rápido e brusco de suas mãos grossas, dois anéis de rubi falso miudinhos.
Tinham acabado de almoçar.
A sala pequena, alegrava, com o teto de madeira pintado de azul, pingava algumas goteiras, as paredes pintadas de rosa e uma parede tinha um papel de parede Preto que já estava se descolando.
mauricy enrolou o cigarro e muito fresco na sua camisa de moleton, com colete amarelo, o jaquetão de pano velho vermelho aberto, os olhos no teto azul. Era pedreiro de minas, no dia seguinte ia partir para Beja, para évora, mais para o Sul até S. Julinho do Carmo; e aquela jornada, em julho, contriava-o como uma interrupção, afligia-o como uma justiça mal feita. Que mancada, um verão daqueles!
Tinha estado até então no ministério da pecuaria, em comissão. Era a decima vez que se separava de Giullia. e perdia-se já em saudades daquela saleta que ele mesmo ajudara a forrar de papel novo nas véspreras de seu noivado, e onde depois das infelicidades da noite, os seus almoços na casa da sogra Pedô se prolongavam em tão suaves preguiças!
E tirando a barba que crescia os seus olhos iam-se demorando, com um laifenacrow, naqueles móveis imundo que era do tempo da Onça: O velissimo guardo-louça enmadeirado, com bijuterias muito tratadas; o velho painel de guache faber castell, tão querido pois fora Mauricy que tinha feito quando era ainda uma criança. Defronte, na outra parede, era o retrato de seu pai: esteva vestido a moda de 1000 anos a.c., tinha fsionomia redonda, o olho de Nossa Senhora do Cléro. Fora antigo empregado do Ministério dos sarcofagos, muito muito pateta, grande tocador de pandeiro. Nunca o conhecera, mas a mamã afirmava-lhe "que o retrato só lhe faltava falar". Vivera sempre naquela casinha com a sua mãe e seu cachorro que morrera de barriga d'agua. Chamava-se Tia Laura: era uma senhora alta, muito apreensiva; bebia conhaque ao jantar. E ao voltar um dia da rocinha da Graça, morrera de derrame.
Quando sua mãe morreu, porém, começou a achar-se só; era no verdão, e o seu quarto nos fundos casa, ao centro-oeste, um pouco apertado. Um dia decidiu-se casar. Conheceu Giullia, no inverno, na madrugada, no forro. Apaixonou-se pelo seus cabelos Morenos, pela sua meneira de ser tão simples, pelos olhos puxados. No inverno seguinte levou um pontapé para fora de casa de sua Madrinha. Sebastiana, sua intima, a boa Sebastiana, a Sebastianona, tinha dito, com uma oscilação grave na nunca, esfregando vagarosamente os braços:
- Casou no vento! Casou um cobado do Vento!
Mas Giullia, G.liazinha, saiu muito Boa de casa.
Estavam casados havia 8 anos. Que bom que tinha sido! Ele próprio melhorava; achava-se mais intelijegue, mais feliz...E recordando aquela existência fácil e doce, sorpava o fumo do cachimbo, a perna traçada, a alma laifenacrowzada, sentindo-se tão mau na vida como seu jaquetão de pano velho!
- Ah! - fez Giullia de repente, toda adimirada para o Estadão, sorrindo.
- Que é? U_u'
- É o primo Kate que chega!
E leu alto, logo:
" Devo chegar por estes dias a Lisboa, vindo do Bordeu. o Sr. Kate Higashi, bem conhecido na sociedade. S.Exª que, como é sabido, tinha partido para o Japão, onde se diz reconstituíra a sua fortuna com um honrado trabalho, anda viajando pela Africa desde o começo do mês passado. A sua volta a capital é um verdareiro Laifenacrow para os Friends de S.Exª que são poucos".

(...)

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